segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Uma reflexão sobre o sentido da vida

Caros amigos e amigas da filosofia e da arte...

Uma reflexão sobre o significado da vida, que pode ser lida junto com um texto fantástico, "A Última Grande Lição", do jornalista norte-americano Micht Albom, que narra a história do Morie Schwartz, um ser humano excepcional, que é o personagem principal deste livro singular. Vale a pena levar aos jovens filósofos o texto, porquanto o debate sobre o sentido da vida é sempre muito edificante...
Abraços quixotescos!
Jorge Leão

Viver a vida!

Quem pode adentrar nos recônditos da alma humana? Qual lógica duradoura é capaz de confortar o espírito diante da perda inexplicável dos amigos que se vão? Reconhecemos o valor da existência naquilo que sentimos. Traduzimos a expressão do sentimento pelo valor da palavra que se expressa em pensamento. Somos poetas e filósofos na jornada da existência...

Nesta expressão contínua, vamos à busca de um sentido humano para o drama da vida, mediante a tarefa do pensar, ao longo do caminho que se lança à nossa frente. Cavamos o poço da semente que nos eleva ao plantio da verdade, em busca do sentido que emana diante da empatia pela alegria a sublimar o vácuo da solidão, sendo neste instante a oportunidade de ascender a planos mais elevados de entendimento, vendo no fundo do poço a semente germinar como broto.

Mas de fato o porquê da morte nunca é, no fundo, sabido, ainda mais quando ela chega abruptamente, a nos tirar da cabeça toda lógica ou explicação. Nossos tratados de ciência não perdem sua validade teórica, mas se mostram limitados diante das perdas que enfrentamos.

Assim, a fragilidade da vida ecoa na eternidade de um instante fugaz. Sentimo-nos como títeres nas mãos de uma força maior, a ditar o ritmo dos acontecimentos. Não podendo definir com exatidão as causas desses eventos e seus frios desdobramentos, o certo é que a fatalidade dos determinismos nos lança para o nível da impotente insignificância.

Desastres, catástrofes naturais, doenças de origem inespecífica, perdas repentinas, enfim, o dia-a-dia de fatos que fogem, indelevelmente, ao nosso controle. Como reagir? O que pensar? O que fazer? Há razões para tanta ausência de razões?...

Caminhamos, assim, a ermo, no caminho dos mistérios que nos acompanham no percurso fugaz da existência. Entretanto, precisamos acordar e despertar para o dia da vida que chega, vivendo a vida, no presente de sua presença, como sagrada devoção ao drama existencial que a mesma nos impõe. A cada dia que nasce, o sol chega e manifesta seu poder e sua simples majestade. As nuvens lacônicas que atravessam seu caminho, nas manhãs chuvosas de janeiro, tentam perpetrar o entristecimento e o desânimo da alma, ainda repleta de pulsação poética. Mas nada nos mata tanto quanto a ausência de um sentido para continuar existindo...

Por isso, acordo a cada manhã para recompor o oxigênio nas células da alma. Para ver o que de novo aconteceu nos silenciosos afazeres da madrugada. Acordo novamente para aproximar-me do que de mais valioso restou dos homens, depois que os mesmos regressaram feridos dos campos de batalhas de suas guerras sem explicação. E, agora, me aproximo dos poetas do ser como um oportuno caçador de preciosidades e de tesouros adormecidos. Eis que chego ao mundo dos fazedores de sonhos como a coruja dos olhos encantados, que sondam os mistérios da vida onde estamos todos nós.

E aponto, na correnteza do rio da vida, para as montanhas de cumes gelados, enfeitiçadas pela alegria do silêncio de seus cumes, regidos que são pelas pedras dos vales, a conduzir os peregrinos de nossa jornada para a escalada valiosa que os leva ao sublime estado de viver a vida, em meio aos contrastes, mistérios, dúvidas, tristezas e incompreensões enfrentadas ao longo da íngreme escalada ao Himalaia de nós mesmos.

Vocabulário:

Títeres: bonecos manipuláveis.
Lacônico: breve, conciso.

Jorge Leão

Professor de Filosofia do CEFET-MA e membro do Movimento Familiar Cristão, em São Luís – MA

Em 11-01-06

Um comentário:

filosofia com arte disse...

O livro do Micht está comemorando dez anos! Vale um presente de fim de ano aos amigos, amigas, namorados, namoradas, parentes, é uma dica valiosa de presente de Natal...
E o mais importante, o seu conteúdo, que é para toda a época do ano...
Abraços apertados!
Jorge Leão