De-cisão... 
Ao 
longo da vida, somos levados a de-cidir sobre os rumos de nossa trajetória. Dia 
após dia, o tempo nos cobra posturas de-cisivas. Escolhas profissionais, valores 
pessoais, conflitos afetivos, relações interpessoais, frequentemente surgem como 
fantasmas, assombrando o universo mental da humanidade. 
O 
ensinamento da sabedoria milenar dos mestres iluminados traz, no entanto, um 
simples e singelo provérbio, bem atual: “faça de tua boca um canal de água 
pura”. De-cidir pela pureza das palavras... 
Por 
conseguinte, várias serão as consequências desta de-cisão. A mudança de espaço 
(não propriamente físico) é o primeiro sinal. Ou seja, a presença de uma atitude 
mental renovada. Isso nos ajuda a refletir mais acuradamente sobre os pontos de 
conflito entre hábitos, valores e atitudes. Quando eu opto, por exemplo, por 
beber água, em vez de refrigerante, estabeleço uma cisão, isto é, uma separação 
ou quebra no percurso até então estabelecido. 
Como 
sabemos, adentrar no caminho desta jornada não é fácil, pois nos cobra 
responsabilidade, e isso tem implicações pessoais profundas no cotidiano. Não se 
trata apenas de uma “mudança de hábitos”, mas de olhar o mundo com os olhos da 
cisão. 
Como 
de-cidimos pelo deslocamento do antigo espaço habitado, então passamos a buscar 
outros modos de habitação. Somos com isso lançados no terreno da escassez. 
Sentimo-nos como abandonados em um deserto. O deserto da de-cisão. 
Por 
isso, caminhar ao longo de uma estrada com pedras, repleta de árida presença de 
plantas contorcidas e gafanhotos, água escassa, calor escaldante durante o dia e 
frio intenso à noite, pode gerar medo e desconforto. O deserto, então, torna-se 
uma realidade à nossa frente. De-cidimos, contudo, atravessá-lo... 
Nesta 
travessia, uma constante sensação de perda parece dilacerar a alma, a cada 
passo, a cada de-cisão. Ir por um caminho é optar não ir por outro. Um jogo 
de-cisivo, mas profundamente transformador. 
Após 
esta longa e sofrida jornada, renascemos para a adesão, a fim de sermos 
renovados pela água cristalina da renovação interior. Surge assim o caminho da 
pureza, pois a aridez do deserto foi ultrapassada. O novo caminho a seguir 
vislumbra os primeiros sinais de mudança, agora compreendida como fruto de uma 
adesão. 
A 
adesão prepara o terreno para a práxis, isto é, a ação livre e consciente. 
Quando assumimos os riscos de nossas de-cisões, e aderimos ao projeto 
incondicional da luta pela vida, nossas ações tornam-se translúcidas como as 
palavras do Mestre: “nem só de pão vive o homem”... 
A 
ação toma agora a dimensão da livre adesão, ao que chamamos de “liberdade dos 
filhos de Deus”. Ao sairmos da situação aprisionada pelo horizonte limitado do 
egoísmo, respiramos a ternura dos lírios do campo, oxigenados pela simplicidade 
dos gestos de paz. 
É 
um caminho árduo, mas ele nos aponta para a plenitude. Por isso, a cada dia, 
nossa de-cisão nos aponta uma adesão, livre e consciente, fundada na alegria 
duradoura do espírito sereno e transformador do amor. 
O 
amor, sereno e benfazejo, translúcido auspicioso a nos dizer: de-cide. 
Paz 
e Luz! 
Namastê! 
  
Jorge 
Leão 
Em 
22 de março de 2013 
 
 

2 comentários:
O texto pode ser trabalhado no capitulo sobre a liberdade humana, nas aulas de introdução ao estudo da Ética, ok? até o próximo encontro e oportunidades, grato pela atenção,
Jorge Leão
Jorge,
Interessante a passagem sobre a importância/necessidade de purificar nossas palavras/pensamentos.
De fato,somos cobrados vez pós outra tomarmos decisões.E ao que me parece,vivemos num imediatismo tão grande que essa decisão tornou-se algo pueril.As palavras perderam sua posição.Quando proferidas,em geral,parece mais uma salada de jôio.
O que está escrito é mais "confiável",tem um grau de confiabilidade maior que a palavra falada.Perdemos.A fala é um processo tão lindo e complexo e nós colocamos isso em segundo plano.Sócrates estaria decepcionado...
Não tem haver diretamente com o texto,mas foi o que me veio à mente.
Obrigado pelo texto,Jorge.Continue escrevendo.
Saudade de suas aulas.
Abraço.
Hugo.
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