segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Comentário sobre o filme "Nós que aqui estamos por vós esperamos"

Amigos, mais uma contribuição de nossa "amiga da sabedoria", Dayanna, colaboradora de nosso projeto FILOSOFIA COM ARTE NO ENSINO MEDIO, hoje estudante do curso de Psicologia da UFMA. Aqui, um texto sobre o filme "Nós que aqui estamos por vós esperamos". Obrigado, Lady Day, beijos no coração. Até o próximo encontro sobre filosofia e cinema, abraços quixotescos! Jorge Leão

TEXTO SOBRE O FILME: “NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS”

O filme Nós que aqui estamos por vós esperamos, de Marcelo Masagão, chama atenção sobre os acontecimentos históricos e os personagens que viveram durante o século XX. Montado somente por imagens dos grandes pensadores, recortes de vídeos que retratam a vida no trabalho e na família das pessoas, obras de arte e com uma música melancólica de fundo, quem assiste percebe que o mundo sofreu muitas mudanças durante este século, e que tiveram conseqüências de progresso ou de destruição.

É sabido que no século XX surgiram muitas teorias, revoluções, evoluções tecnológicas e junto com tudo isso, com grande velocidade, também nasceram outros valores na sociedade. O filme leva à reflexão sobre o papel do homem nessa sociedade das máquinas, do pragmatismo e do consumismo, que usou de tantas vidas nas guerras para conseguir firmar-se nesses valores.

Os sinais de progresso deste século são visíveis ainda hoje, e dependemos desse desenvolvimento nas ciências tecnológicas e sociais, que vão deste a invenção da máquina fotográfica até as teorias de Sigmund Freud e Albert Einstein. Também nas artes é possível enxergar esse movimento, afinal o artista sempre externa em sua obra sua percepção sobre o mundo em que vive.

Porém a mesma mente humana foi capaz de construir a bomba atômica. Uma frase que ilustra o filme diz: Os homens recriam as ferramentas e as ferramentas recriam os homens (McLuhan). E em meio às mortes nas guerras, milhares de homens e mulheres precisam apertar parafusos em linhas de produção para sobreviver em longas jornadas de trabalho, vivem em péssimas condições de moradia e saúde. Enquanto homens poderosos abusam de seu poder e força política contra os oprimidos nos campos de batalha. Tudo caminha segundo as regras do individualismo.

Nós que aqui estamos por vós esperamos é um filme rico em significados. Por isso, podemos destacar, ainda, sua evidente discussão sobre a falta de humanidade latente na sociedade. As imagens de guerras são as que ficam mais fortes, e percebe-se que o soldado já não se importa em ter a seu lado restos de corpo humano. A vida perde o valor. E quem sofre com esse desprezo apenas espera.

O encerramento do filme com a imagem do cemitério parece um alerta dos que já morreram para nós, que também somos abalados pelos ideais do século que passou e que ainda sofrem mudanças. É como se ouvíssemos os mortos nos dizer para termos mais disposição em preservar a vida. Eles nos esperam lá, afinal todos, mesmo importantes ou não, temos o mesmo fim. Contudo, é preciso fazer nossa participação nesse mundo para que ele seja melhor.

Dayanna Gomes Santos - estudante do curso de Psicologia da UFMA

7 comentários:

filosofia com arte disse...

Lady Day, continue firme, contribuindo com textos maravilhosos, divulgue o nosso blog para os seus colegas da UFMA. Sucesso no curso de Psicologia, leia Jung...
beijos,
Jorge Leão

odaleianaeuropa disse...

Dayanna seu texto está maravilhoso. Falando em século XX e em século XXI. Quando eu fiz faculdade no século XX, meu 1º trabalho no Curso de Pedagogia foi digitado no computador da casa da minha tia.
Seu 1º trabalho do Curso de Psicologia, além de ser digitado em computador, foi publicado na rede mundial de computadores.
Sem contar que antes do 1º dia de aula, você já conhecia os seus futuros colegas de Psicologia, via orkut ou MSN. De fato, você é uma cidadã do século XXI.
Odaleia Costa, orgulhosamente ex-professora de Dayanna.

Eduardo Nascimento disse...

Ótimo comentário Dayanna,
embora eu já tivesse lido.

O filme tem uma caracterítica de nos fazer olhar pra nós mesmo através das imagens do que se passou... Humanos que evoluem e decrescem ao mesmos tempo, que através do tempo passa a desvalorizar a si próprio e banalizar a morte...
Vai entender né??

Anônimo disse...

Ex-professora é? (risos) Pra mim será eterna, pois ainda aprendo muito com você.
Obrigado por tudo, querida Odaléia.
Um pouco do que sou hoje devo a você.
bjos

Anônimo disse...

Obrigado pelo Lady professor. Vou seguir sua sugestão...ler Jng.
obrigada!!!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Professor, que saudades. Nossa, fiquei muito emocionada lendo novamente este texto, me trouxe ótimas memórias. Quase 5 anos depois, estou trabalhando na minha monografia. Procurando algum texto seu sobre metodologia de ensino e deparei com este texto. Não aprofundei a leitura Jung na graduação como havia prometido ou como deveria rsrs, a psicanálise e suas "variantes" não me convocaram. Hoje estudo a teoria de Skinner.
Obrigada pela grande contribuição na minha formação pessoal, acadêmica e profissional.