quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Sobre o filme "Trem da Vida"

Sobre o filme Trem da Vida

O filme "Trem da Vida" (Romênia, 1999), do diretor romeno Radu Mihaileanu, narra a saída de retirantes judeus de um vilarejo na Europa ocidental, em 1941, depois da notícia de que os nazistas estariam chegando para deportá-los.

A notícia é dada por Schlomo, considerado "louco" por todos do lugar. Todos perplexos, não sabem que decisão tomar, até que Schlomo sugere uma fuga em um fictício trem nazista, em que os moradores interpretariam papéis de soldados alemães, os maquinistas e os deportados.

O enredo segue o tema bíblico da saída para a "Terra Prometida", até que as encenações começam a ficar cada vez mais realistas, a ponto de iniciar-se disputas ríspidas entre os grupos formados: judeus ortodoxos, nazistas, marxistas e deportados. A trama, valendo-se deste recurso ficcional, sugere um interessante debate sobre a luta ideológica travada por estes grupos sociais naquele contexto histórico conturbado da vida européia.

Uma cena belíssima merece destaque, quando uma criança no colo de sua mãe, antes de uma parada do trem para uma celebração judaica, pergunta: "Ainda estamos longe?" - "Sim, meu querido" (responde a mãe). "A terra só é santa em um lugar?" (pergunta o menino) - "Tem razão, a terra toda podia ser santa. Bastaria querer. E nada mais seria distante" (responde mais uma vez a mãe).

Neste clima de disputa e conflitos, há também espaço para cenas cômicas, românticas e tensas; no ritmo ditado pela locomotiva, é possível perceber espaço para a narrativa dramática que flui no sentido de uma possível saída da situação instável em que se encontravam os deportados.

Um texto que abre espaço também para a crítica histórica ao momento terrível em que se encontravam os grupos étnicos perseguidos pelo regime nazista. Vale a pena a platéia conferir este belo filme. Sua trilha sonora também merece uma boa atenção.

Até o próximo cine filosófico!

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Jorge Leão

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