Sobre o filme Trem da Vida
O filme "Trem da Vida" (Romênia, 1999), do diretor romeno Radu Mihaileanu,
narra a saída de retirantes judeus de um vilarejo na Europa ocidental, em 1941,
depois da notícia de que os nazistas estariam chegando para deportá-los.
A notícia é dada por Schlomo, considerado "louco" por todos do lugar. Todos
perplexos, não sabem que decisão tomar, até que Schlomo sugere uma fuga em um
fictício trem nazista, em que os moradores interpretariam papéis de soldados
alemães, os maquinistas e os deportados.
O enredo segue o tema bíblico da saída para a "Terra Prometida", até que as
encenações começam a ficar cada vez mais realistas, a ponto de iniciar-se
disputas ríspidas entre os grupos formados: judeus ortodoxos, nazistas,
marxistas e deportados. A trama, valendo-se deste recurso ficcional, sugere um
interessante debate sobre a luta ideológica travada por estes grupos
sociais naquele contexto histórico conturbado da vida européia.
Uma cena belíssima merece destaque, quando uma criança no colo de sua mãe,
antes de uma parada do trem para uma celebração judaica, pergunta: "Ainda
estamos longe?" - "Sim, meu querido" (responde a mãe). "A terra só é santa em um
lugar?" (pergunta o menino) - "Tem razão, a terra toda podia ser santa. Bastaria
querer. E nada mais seria distante" (responde mais uma vez a mãe).
Neste clima de disputa e conflitos, há também espaço para cenas cômicas,
românticas e tensas; no ritmo ditado pela locomotiva, é possível perceber espaço
para a narrativa dramática que flui no sentido de uma possível saída da
situação instável em que se encontravam os deportados.
Um texto que abre espaço também para a crítica histórica ao momento
terrível em que se encontravam os grupos étnicos perseguidos pelo regime
nazista. Vale a pena a platéia conferir este belo filme. Sua trilha sonora
também merece uma boa atenção.
Até o próximo cine filosófico!
at
Jorge Leão
Nenhum comentário:
Postar um comentário