terça-feira, 8 de julho de 2008

Caros amantes da Filosofia e da Arte,

publico em nosso blog um texto nosso do ano de 2006, cujo título é o significado do nome "jorge", em grego,
abraços quixotescos,
Jorge Leão


Aquele que cultiva a terra...

Lanço o meu destino para o mais profundo da terra de mim mesmo. Sei que o doméstico segredo que me reconstitui por dentro é insuficiente para a cura da luta entre os contrários da alma que carregamos no drama da vida. A trágica imagem da seca na terra, onde uma perpétua solidão invade o tempo da última lembrança de paz que restou no sonho das horas de perda, agora recebe os louvores das piores tonalidades e emoção desmedida, que podem adoecer mais ainda a perdida insensatez que devora os restos escassos do fígado que nos alimenta as idéias.

É nesta direção que resgatamos o agricultor perdido no abuso das passagens dissonantes pela tangente do bom senso. Perdido nos destaques confusos de onde partimos para nutrir o espírito na semeadura da entrega. Não recordo o rebaixamento ou a estupidez de meus propósitos, apenas suplico devida abertura à dor encarnada que se depara como valor simbólico de um plantio a ser colhido no tempo dos últimos episódios da semente que deve morrer. Na graça que percorre a terra e mantém de pé o agricultor entregue ao cultivo, surge o pão arado no momento oportuno, que era trigo passado, agora fruto colhido.

Intenso é o ritmo da janela que se abre ao dia que nasce diante da terra esperando o arado. No calor escaldante do sol que queima, estremece o curso das águas que chegam para irrigar o lugar propício da semeadura. Corre o rio para o mar, e a terra da alma encanta-se de não bastar-se a si mesma a cada amanhecer. Por gerar a religião que nos eleva a terra, serenos conduzimos a pétala de rosa para mais um sopro de vento que passa.

As mãos do agricultor abraçam a serenidade da alma, no beijo demorado da declaração de amor aos sinais de tempestade que chega logo cedo, na candura das manhãs.

Jorge Leão
Professor de Filosofia do CEFET-MA

2 comentários:

Ed Wilson Ferreira Araújo disse...

Professor Jorge,
Parabéns pela iniciativa. Eu, que sou amante platônico da Filosofia, agora vou poder tê-la mais próximo. Quem sabe um dia essa coisa platônica vira amor de verdade e eu dedico estudar um pouco mais os autores e as escolas filosóficas.
Deixo como sugestão a realização de sessões de cinema sobre temas filosóficos. Que tal começar por "Dias de Nietzsche em Turim"?
Ed Wilson
jornalista e professor da Ufma

filosofia com arte disse...

Obrigado, professor Ed Wilson, já temos no CEFET-MA, um espaço para debates e exposições de filmes, o cine filosófico, criado em 2005, junto com o projeto do café filosófico, mas precisamos retomá-lo, pois este ano ainda não fizemos nenhum. Você pode também apresentar algum tema nos nossos cafés filosóficos.
Obrigado pela presença em nosso blog, e sinta-se convidado ao banquete da filosofia. Abraços quixotescos! Jorge Leão